quinta-feira, maio 03, 2007

Mar de saudade

Batem as ondas...
Num bater de acalento do Douro
Rio de vida, de descobrimentos.
Caminho de muitos sofrimentos e desejos,
Anseios perdidos, conquistados, consagrados,
Hoje esquecidos.
Mas também de coração partido, de águas que não falam
De choro preso e lágrimas marcadas pelo fim do dia.
Dos socalcos memoráveis sobrou a coragem, o talento, a humildade de uns.
No coração têm segredos, mistérios…
Batem as ondas que benzem este mundo esquecido.
Agora crescido, imaturo, civilizado como sabe ser.
De uma margem a outra é só mundo
Que a água e a história souberam manchar as suas tradições
Criar nódoas, desamparar.
Espíritos acolhedores de insultos e devaneios contemporâneos.
Nasce o sol e com ele um novo amanhecer.
De Leste a Oeste, a frescura “libertina” dos últimos dias...
Um ruído na paisagem e chegou a hora de partir...
Batem as ondas...

Solidão, um mal perturbador

O que dizer da solidão?
Um misto de vazio e compaixão.
Um não sem perdão,
Uma ausência sem carinho.
Um olhar na escuridão
E a perda da benevolência.
Monotonia do pensamento,
Inactividade da razão.
Deixar de ser, para apenas querer.
Ser o sim dos obstáculos
E a inércia da tentação.
Um abrigo vaidoso das lágrimas,
Um choro preso no coração.
Um grito de silêncio
E uma tempestade de angustia.
Solidão é pavor,
É a morte do pretexto.
É o desvio do pensamento,
O socorro da paixão.
Solidão é o fim da vaidade
É a roupa dos desnudos
E a pele dos mal-tratados
Isolamento, depressão, piedade.
O fim da saudade
E o início do isolamento.
Por isso, é melhor deixá-la do lado de fora.
Sem as chaves para entrar
E sem memória.